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Framework da Narrativa Pessoal para empreendedoras e empreendedores

Elas criam cultura, esculpem mindsets e, de forma única, sustentam círculos de confiança. As narrativas são a construção humana mais próxima de uma máquina do tempo. Envisionam o futuro e explicam o passado. Criam mundos com tinta no papel. Vendem sonhos com palavras. Constroem o futuro pela ficção.
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Framework da Narrativa Pessoal para empreendedoras e empreendedores
Framework da Narrativa Pessoal para empreendedoras e empreendedores

Photo by S O C I A L . C U T on Unsplash

“In the end, we’ll all become stories.”
Margaret Atwood

Nesta série de textos, compartilhamos frameworks, referências e inspirações para empreendedoras e empreendedores que desejam masterizar sua habilidade de storytelling ao contar histórias que atraem, inspiram e constroem novas alternativas de futuro.

Elas criam cultura, esculpem mindsets e, de forma única, sustentam círculos de confiança. As narrativas são a construção humana mais próxima de uma máquina do tempo. Envisionam o futuro e explicam o passado. Criam mundos com tinta no papel. Vendem sonhos com palavras. Constroem o futuro pela ficção.

Isso porque nós somos seres de significados. E as histórias nos explicam para nós mesmos. Quando você conta uma história fascinante, é capaz de reunir muitas pessoas ao redor da fogueira. E se essa fogueira é a sua scale-up, imagine só as pessoas que pode atrair contando a sua história?

Dessa visão, nasceu a nova trilha de Storytelling do Astella Expert Network. A cada ato, contamos histórias-matrioskas: narrativas que encantam por si só, mas que estão contidas em outras maiores para você compor o banco de histórias da sua startup.

Nesse primeiro ato, falamos sobre o início de qualquer scale-up, a narrativa pessoal de suas fundadoras e fundadores.

No segundo ato, vamos oferecer três modelos narrativos para você explicar o que sua empresa é, sonha e faz.

Já no terceiro, apresentamos o processo de construção do pitch deck para fundraising. Tudo isso para, no ato final, te apresentarmos às narrativas regenerativas, novas proposições de futuro que alargam a visão do que uma empresa é capaz de construir.

Quero te deixar um convite. Use suas histórias para atrair mais gente ao redor da sua fogueira. Mas use também para construir novas narrativas na sua indústria. O futuro precisa, como nunca, delas.

A jornada da empreendedora-heroína e do empreendedor-herói

“Os eventos em nossa vida acontecem em uma sequência temporal, mas em seu significado para nós, eles podem encontrar a própria ordem, a contínua linha de revelação.”
Eudora Welty

Fatos são apenas fatos. Recortes temporais com sujeito, verbo e predicado. Aconteceu — e pronto. O modo como costuramos os fatos cria significado. Essa costura segue uma estrutura original, milenar: a grande espinha dorsal das histórias que conhecemos. A ela, Joseph Campbell deu o nome de monomito, a Jornada do Herói.

Em 1990, Maureen Murdock criou também A Jornada da Heroína, uma representação arquetípica da experiência feminina. Para não confundirmos os dois conceitos, mantemos neste texto o masculino Jornada do Herói sempre que nos referirmos ao monomito de Campbell.

Se na mitologia grega, os heróis eram semideuses como Hércules, guerreiros como Ulisses ou defensores como Perseu, hoje são empreendedoras e empreendedores elevados ao status de heróis mitológicos (ou anti-heróis) como Steve Jobs, Arianna Huffington, Bill Gates ou Elon Musk.

O monomito, por conta da sua natureza arquetípica, é complexo e aberto a uma paleta de interpretações. Sua estrutura está enraizada na nossa compreensão do que é humano, místico, divino ou heroico.

Por isso, construímos um framework inspirado nele, mas sem a pretensão de traduzi-lo por completo. Por meio de 8 perguntas, você pode organizar o modo como conta sua história de vida e como ela se conecta com a empresa que está construindo. Comece respondendo individualmente por meio da escrita livre e, logo em seguida, veja as sugestões de como moldar essa narrativa para contar ao mundo quem você é.

Framework da Narrativa Pessoal

“O real não está na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.”
João Guimarães Rosa

Você tem meia hora? Então te deixo um convite. Busque um lugar tranquilo, faça uma cópia desse framework e volte a esse texto com ele preenchido.

Te esperamos aqui antes de seguir.

Faça login na sua conta do Google Drive e crie sua cópia clicando aqui.

Autenticidade é a natureza original das boas histórias

A jornada do herói é mais do que uma aventura; é uma jornada psicológica e emocional rumo à transformação. É por isso que a heroína ou o herói saem do mundo ordinário e voltam, depois de cumprido o ciclo, transformados.

Nesse processo, a autenticidade é o elemento que torna uma história, mesmo que fantástica, acreditável. É ela que derruba o véu da resistência, do ceticismo e convida a pessoa que ouve a suspender julgamentos para te acompanhar na história contada.

Mas a autenticidade não é só elemento narrativo, é também força para criar novos referenciais culturais.

Nossa história é espelho para outras pessoas que estão em um passo diferente da jornada.

Essa é a diferença entre uma geração que cresceu vendo empresários como vilões de novelas e outra que vê empreendedoras ocupando a capa das revistas.

Sua história carrega a força do exemplo, uma combinação única de situações, decisões, sonhos e obstáculos que te fazem criar, nesse momento, a empresa que está criando. E isso já é motivo nobre o suficiente para compartilhá-la com o mundo.

Quando você decide compartilhar essa história, seus desejos e motivações, algo inédito começa a emergir. A Jornada do Herói vai, aos poucos, se tornando uma Jornada Coletiva. Se a sua motivação envolve a construção de algo maior do que você, ela atrai mais pessoas que vão te acompanhar na jornada como aliadas ou mentoras.

A história sem fim

Depois de muito contar, sua história vai se cristalizar como parte da cultura da sua empresa. Porém, a sua narrativa, em primeira pessoa, continua sendo escrita a cada dia, enquanto você existir.

Para capturá-la, crie uma rotina de registro. Aqui, a escrita livre pode agir como cápsula do tempo para conservar seu mindset e sua visão de mundo. Na forma de diário, caderno ou folhas soltas, sua biografia pode ser escrita em primeira pessoa e em tempo real.

A escrita livre significa, diante da página em branco, não tirar a caneta do papel, sem planejar de antemão e sem julgar o que escreve para relatar pensamentos, histórias ou acontecidos que têm ocupado sua mente.

Para Julia Cameron, essa escrita é parte de uma rotina matinal conhecida como Morning Pages, um dos exercícios mais eficientes de desbloqueio criativo.

Ao reler, passado um tempo, você vai ver que essa é a máquina do tempo mais eficiente que existe. Os registros diários te colocam em contato com sua versão passada, com o jeito de pensar que você tinha anos antes, e revelam o que evoluiu ou se conservou na sua visão de mundo.

Além disso, cada vez que você puxa da memória uma história antiga, relendo o que escreveu, tem a chance de ressignificá-la. Depois de lembrada, nenhuma história volta intacta para o acervo da memória.

De um lado, isso te ajuda a entender a linha narrativa que conecta todos os pontos da sua história. De outro, te lembra do processo de transformação pelo qual você está passando.

Essa é a travessia de que Guimarães Rosa falava.

É a jornada do herói de cada um de nós.

Lais Grilletti

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Lais Grilletti

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