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Existem sinais que demonstram a favorabilidade de uma startup evoluir para os próximos estágios dentro de uma trilha de Venture Capital. Chamamos estas métricas de sinais vitais. São sinais que devem ser analisados de forma combinada, e não isolada. Na Astella, como value investors, buscamos encontrar os fundamentos através de métricas como forma de trazer clareza sobre riscos e eficiência na escala. Em nossas análises, os cinco sinais vitais demonstram o grau de força que a startup se encontra na sua jornada de Venture Capital.
É importante ressaltar que o framework dos cinco sinais vitais oferece uma visão estática, como uma fotografia, que nos auxilia a embasar nossas discussões anteriores à tomada de decisões. Isso se aplica tanto a investimentos iniciais quanto a follow-ons, bem como à gestão de risco do portfólio e ao desenvolvimento de negócios (M&A) em nosso portfólio de investimentos. No entanto, considerando que o Venture Capital é fundamentado na Lei de Potência e nas expectativas futuras e narrativas, temos a flexibilidade de não aderir estritamente a esse framework com base em análises de risco e retorno específicas para cada oportunidade.
A jornada de uma startup em Venture Capital é algo longe de ser algo trivial e linear, porém conseguimos identificar padrões em grandes casos de sucesso em que esses sinais são demonstrados com força e acima das medianas históricas de mercado. Dentro de cada sinal vital, costumamos avaliar a partir de uma base de dados própria (ThePlot), que contém informações do nosso portfólio e de outras referências do mercado. Esses dados nos ajudam a compreender quais são os indicadores que demonstram os sinais vitais de uma startup.
Os cinco sinais vitais são:
1. Tração por Estágio de Investimento
Este sinal é totalmente relacionado ao modelo de stage-investing do Venture Capital. O objetivo é identificar se a tração e a jornada estão alinhadas com a expectativa dos investidores em cada estágio de investimento. Como o título deste sinal sugere, é representado pela relação entre o volume de receita ou a tração do produto em um determinado estágio de investimento e a velocidade do crescimento anual.
É um indicador de qualidade e geração de valor do ativo, representando um momento específico na sua trajetória de crescimento. Demonstra a habilidade da equipe em alcançar resultados e marcos esperados, refletindo a capacidade de execução. Este sinal é talvez o mais complexo, pois envolve a realização do plano e o cumprimento dos marcos estabelecidos nas narrativas. Por isso, o crescimento é muito importante, pois é o sinal básico de como a empresa evolui. Neste aspecto, para cada estágio, observamos tração e velocidade, e a persistência para alcançar o próximo marco de tração.
Performance no quartil superior no quesito de velocidade de crescimento, que indica sinais vitais fortes, é a trilha de tração e crescimento do 3x3x2x2x2 - após alcançar a receita anual de $1,4 milhão, as receitas devem triplicar, triplicar, dobrar, dobrar e dobrar anualmente, nos 5 anos seguintes para se chegar aos $100M, o que, consequentemente, potencialmente posiciona a empresa a um valuation de fundreturner. Existem empresas que conseguem atingir até mais rápido que isso, por exemplo 7x3x2x2x1,5.
Por exemplo, na trajetória da RD Station, considerada um grande caso de sucesso no Brasil, que resultou em uma venda por M&A para a TOTVS por R$ 2 bilhões, é possível observar essa evolução até próximo da Series-C.
Em estágios Pre-Seed ou Pre-Product Market Fit, vamos buscar métricas de produtos que demonstrem o valor do produto e seu uso pelo cliente ideal, além da evolução da narrativa e eficiência da curva de crescimento no final do estágio.
Algumas métricas para monitorar os sinais vitais de Tração e Estágio de Investimentos são:
- Crescimento médio composto mensal do último seis ou doze meses;
- Multiplicação do ARR desde a última rodada;
- Multiplicação do ARR nos últimos doze meses a partir de US$ 1 milhão de ARR.
2. Eficiência de Crescimento entre estágios
Esse sinal indica a Velocidade relacionada a Eficiência Humana. O objetivo é identificar qual a demanda por esforços e recursos para chegar em tal estágio e tração.
A eficiência é um sinal vital de empresas de alto crescimento. A estrutura básica de empresas de tecnologia é composta por pessoas. A métrica de Receita por Colaborador oferece uma visão holística para medir a eficiência humana e o resultado do esforço humano executado nas empresas. A Ana Rezende, estrategista de talentos da Astella, escreveu sobre a eficiência humana, com mais detalhamento e na ótica dos gestores de pessoas. Ainda, o ideal é analisar essa métrica de eficiência em conjunto com outras métricas operacionais, como as de crescimento ou geração de caixa.
Algumas métricas para monitorar os sinais vitais de Evolução entre Estágio de Investimentos são:
- ARR/FTE: Receita Anual por colaborador
- Burn/FTE: O burn operacional por colaborador
- Yield Operacional: O total de despesas operacionais por colaborador
3. Eficiência de Capital ou do Uso dos Recursos
Este sinal vital é sobre a Eficiência de Capital. Buscamos identificar qual a mediana do valor de investimento externo em cada estágio de investimento e o crescimento gerado com essa alocação de recursos. É um indicador de dosagem para o esforço e produtividade esperados de cada etapa.
Algumas métricas para monitorar os sinais vitais de Uso de Recursos são:
- Cash Conversion Cycle: Relação da Receita Anual com o total de investimento levantado ou em caixa
- Burn Multiple: Receita nova gerada/Queima de caixa no período
4. Taxa de graduação entre rodadas
A trilha de Venture Capital é um funil. Segundo dados da SlingHub e Namari Capital, apenas 1,2% das empresas que angariam fundos na fase Seed alcançam a série-C no Brasil. Este sinal vital também demonstra a evolução entre rodada. Quanto mais rápido uma empresa avança entre os estágios, mantendo outros indicadores fortes, melhor tende a ser o retorno do investimento.
Geralmente, um longo período entre as rodadas, superior a 24 meses, pode indicar que a empresa não alcançou suas metas de tração ou de evolução do negócio esperadas para a rodada. Assim, a empresa precisará de um plano de reajuste para equilibrar as operações (breakeven) ou mudança de estratégia, ou pivot, para buscar eficiência de capital e crescimento para retomar a trilha do capital de risco. Ou ainda, pode ser que o runway esteja baixo e seja necessária uma rodada bridge para atingir as metas daquele estágio. Porém, em casos raros pode indicar empresas extremamente eficientes e rápidas, que avançam dois estágios de uma vez sem a necessidade de rodada entre eles, por exemplo, do Pre-seed para a Series-A.
Do lado da gestão de risco, essa é uma métrica importante, pois é preciso monitorar se haverá pista suficiente para construir o que serão os alicerces de uma graduação entre estágios. Se não houver, os gestores devem refletir no que ainda é possível fazer para capturar o valor, reconstruir ou estender o runway para retorno à rota de VC, ou então se é hora de pensar em outros caminhos estratégicos, como M&A, por exemplo.
Algumas métricas para monitorar os sinais vitais de Taxa de Graduação são:
- Tempo entre rodadas (em meses)
- Runway
5. Diluição do Captable e Valuation entre Rodadas
Consideramos este sinal vital como uma resultante dos quatro sinais vitais anteriores. Para evoluir na trilha de Venture Capital, uma startup precisa gerar valor e abundância para todos os stakeholders que assumem o risco. Então, este sinal reflete a indicação de preço diante da expectativa do valor gerado ou retorno do equity entre rodadas para founders e investidores, bem como a eficiência de capital através da estrutura de capital da empresa, representada pela diluição do captable.
Algumas métricas para monitorar os sinais vitais de Diluição e Valuation entre Rodadas são:
- Multiplicação do valuation entre rodadas
- Captable vs. Rodada de Investimento
Acreditamos que os Cinco Sinais Vitais do Venture Capital demonstram a eficiência e crescimento necessárias para construção de cases capazes de gerar abundância e fundreturners, o sucesso esperado para investidores na jornada de venture capital. Obviamente essa jornada não é linear, mas a construção de fundamentos de crescimento e eficiência, juntamente com uma visão ambiciosa e clara, certamente resultará na construção de algo extraordinário.
