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Diário de um Gestor: Casa de ferreiro, espeto de tungstênio

Assim como uma startup, uma gestora é uma organização social que evolui em estágios, possui as mesmas máquinas operacionais, e atua calcada em cima de um modelo de negócios. Neste artigo da nova série, apresentamos a nossa visão sobre a Astella como gestora.
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Diário de um Gestor: Casa de ferreiro, espeto de tungstênio
Diário de um Gestor: Casa de ferreiro, espeto de tungstênio

Hefesto é o deus do fogo, dos metais e da metalurgia na mitologia grega. Habilidoso, trabalhador, esforçado e leal. Era o inventor, construtor e artesão do Olimpo. Ou seja, era o product manager dos deuses. 

Ele foi responsável por forjar diversos objetos como a arma mágica de Zeus (Égide), a armadura e escudo de Aquiles, o arco e flecha de Eros, o cetro de Agamenon, o tridente de Poseidon, a cinta de Afrodite, dentre outros. Foi o Steve Jobs das heroínas e heróis que nos movem até hoje. 

Esse é o verdadeiro papel de um investidor de venture capital: equipar e preparar suas heroínas e heróis para a batalha. E a gente leva isso tanto a sério que nosso ditado por aqui é "casa de ferreiro, espeto de tungstênio", ou seja, todo modelo mental que nos ajuda a entender o arquétipo de crescimento de uma startup e ajudar os founders a escalarem seus negócios, é totalmente aplicável ao nosso próprio negócio: ser a melhor gestora de VC para aqueles que buscam o crescimento veloz e eficiente.  

Assim como uma startup, uma gestora é uma organização social que evolui em estágios, possui as mesmas máquinas operacionais, e atua calcada em cima de um modelo de negócios. 

Nosso modelo de negócio é um clássico "mercado de três lados" (um marketplace de três faces): precisamos de empreendedores, investidores e compradores. Mais precisamente, somos uma fintech market network: operamos (i) um SaaS para investidores (taxa de gestão e sucesso), (ii) uma transação financeira e operacional com empreendedores (compramos uma participação societária com a contrapartida de ajudar) e (iii) um social network com a comunidade em geral (empreendedores, talentos, consultores, outros fundos e investidores). Nossa grande inspiração para esse modelo de negócio são o Platform Revolution e o Market Networks.

As máquinas (ou engrenagens) que sustentam a escalam uma gestora são as mesmas de uma startup: produto, vendas, sucesso, talento e governança.

O produto de um VC é seu processo de tomada de decisão e a gestão de todo conhecimento necessário para escolher e nutrir suas heroínas. A unidade produtiva de uma máquina de produto é o processo de ideação: coletar o máximo possível de idéias, escolher algumas, testá-las e implementá-las. Nosso suite de tomada de decisão vem evoluindo com os erros e acertos da última década, assim como todo o aprendizado da psicologia de um ser humano nas suas escolhas individuais e em grupo. As principais funcionalidades orbitam ao redor dos colaterais de relacionamento com empreendedores, nossos critérios de investimento, do processo de tomada de decisão e das dinâmicas de apoio e criação de valor às empresas investidas. 

Atuando em um mercado de três lados, temos que operar três máquinas de vendas e de sucesso: para empreendedores, investidores e compradores. Mas nossa principal máquina, é a de relacionamento com empreendedores. Essa engrenagem está calcada na maturidade do General Partner (GP), o sócio da gestora responsável por investimentos. Assim como um vendedor tem a sua produtividade baseada no tipo de cliente, ticket médio e um ramp up (tempo para um novato se tornar especialista), um GP também tem. Esse mesmo GP, também é responsável pela entrega do sucesso do empreendedor. Essa engrenagem, também chamada de máquina do amor, tem a sua capacidade calcada na proposta de valor de uma gestora, ou seja no tipo de suporte que se considera necessário para maximizar a chance de sucesso de uma startup e minimizar os riscos inerentes da jornada. Na indústria de VC, essa capacidade por GP possui duas dimensões: o número de empresas investidas e o total de Asset Under Management (AUM, ou montante de dinheiro) sob a responsabilidade do GP.

Nossa máquina de talentos tem que ser primorosa. Afinal de contas, as heroínas e heróis podem escolher o Hefesto que melhor lhe convier: Astella, A16Z, Canary, Kaszek, monashees, Sequoia, Softbank, Ycombinator, you name it! E a escolha está calcada nas pessoas: nos GPs, no time de investimento, e no time de operações. Nossa máquina de talentos tem que garantir uma cultura única, que permita a atração e desenvolvimento dos melhores profissionais do planeta.

Todos esses elementos devem ser suportados por uma máquina de governança, carinhosamente chamada de máquina do comportamento ou sistema operacional. É a tubulação elétrica e encanamento de uma organização, que garante que os recursos cheguem aonde devem e que as informações para tomada de decisão fluam.  Para uma gestora, essa máquina é ainda mais complexa, já que além dos elementos de tesouraria, controladoria, planejamento e governança presentes em qualquer organização, engloba também as questões regulatórias e fiduciárias de uma fintech. 

Por fim, o estágio de desenvolvimento de uma gestora pode ser norteado pela metodologia Blitzscaling de acordo com o seu número de colaboradores e AUM: também começamos como uma família, nos tornamos uma tribo, maturamos em uma vila e estamos caminhando para uma cidade e no futuro uma nação. 

Nós também estamos sujeitos ao triple, triple, double, double, double!

Edson Rigonatti

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Edson Rigonatti

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